Se você, vem acompanhando o universo cinematográfico da Marvel, sabe que as expectativas para os próximos passos da franquia estão sempre altas, especialmente com o anúncio do tão aguardado “Quarteto Fantástico” que promete ser o grande reset da Marvel. Enquanto isso, “Thunderbolts” chegou aos cinemas no dia 1º de maio, oferecendo uma experiência diferente dentro desse universo compartilhado.
Sem a grandiosidade e as mil implicações complexas dos filmes anteriores, “Thunderbolts” é um filme com menos pretensão, mas que entrega o que promete: um entretenimento correto, simpático e, um refresco muito bem-vindo dentro do cenário atual da Marvel.
O que mais me chamou a atenção em “Thunderbolts” foi justamente a sua tangente. Diferente dos grandes blockbusters que exigem do espectador um conhecimento quase enciclopédico de todos os filmes e séries para entender o enredo, este filme se apresenta de forma mais direta e acessível. Isso é um respiro para quem, como eu, já se sentia um pouco cansado da convolução do universo compartilhado.
O roteiro não é brilhante, mas é funcional e eficiente. A narrativa é dividida quase como capítulos, o que ajuda a organizar a história e a dar ritmo ao filme. Temos o capítulo da Helena, o capítulo da câmara secreta, e outros que desenvolvem a trama de maneira clara e objetiva.
Um dos pontos fortes do filme é, sem dúvida, o elenco. Florence Pugh interpreta Helena, uma personagem que, após a perda da irmã — a inesquecível Viúva Negra — está se sentindo perdida, apática e cansada das missões sujas que recebe de Valentina, papel da sempre brilhante Julia Louis-Dreyfus.
Helena busca um propósito maior e deseja missões com mais visibilidade, um desejo que Valentina aceita, mas com a condição de que ela cumpra mais uma tarefa para apagar rastros de corrupção e abuso de poder que ficaram ao longo dos anos. Essa missão a coloca numa câmara secreta no alto de uma montanha, junto com outros personagens interessantes e complexos.
- John Walker, o Capitão América que não deu certo, interpretado por Wyatt Russell;
- Alexei Shostakov, o Cardeal Vermelho, vivido por David Harbour, que leva uma vida miserável dirigindo uma limusine;
- Ava Starr, ou Fantasma, personagem de Hannah John-Kamen;
- Bob, um personagem que não tem ideia de onde veio, o que está fazendo ali e que não possui habilidades extraordinárias, dependendo da ajuda de Helena para sair das enrascadas.
Esse grupo de personagens, com suas diferenças e conflitos, é a base para uma história clássica de formação de equipe, onde eles precisam se unir para enfrentar um problema maior. A dinâmica entre eles rende momentos interessantes e uma certa organicidade que falta em outros filmes recentes da Marvel.
Outro destaque é a participação de Sebastian Stan como Bucky Barnes, agora um congressista atento às tramoias de Valentina. Sua tentativa de cooptar a assistente pessoal de Valentina, interpretada pela talentosa Geraldine Viswanathan, adiciona uma camada política e de espionagem à trama, enriquecendo o enredo sem complicá-lo demais.
O filme é dirigido por Jake Schreier, conhecido por trabalhos como “Frank e o Robô” (2012) e por dirigir a maior parte dos episódios da série “Treta”. Schreier traz para “Thunderbolts” uma direção sem pretensões, mas dedicada e comprometida, algo que estava em falta nos últimos filmes da Marvel.
O filme demonstra uma certa alegria e prazer em contar essa história, o que se traduz em uma abordagem mais orgânica do material. As cenas de ação, por exemplo, respeitam uma escala mais humana e têm uma energia que lembra o frescor dos filmes de super-heróis mais antigos, com destruição na medida certa e momentos que recuperam a ingenuidade e a graça que esse tipo de filme deveria ter.
Se você está procurando um filme Marvel que não exija que você tenha assistido a dezenas de outros filmes e séries para entender a trama, “Thunderbolts” é uma ótima pedida. É um filme que entrega o básico muito bem, com um elenco forte, personagens interessantes e uma narrativa que flui sem grandes complicações.
O filme não pretende reinventar a roda ou ser o novo marco do universo Marvel, mas é honesto, direto e divertido na medida certa. É aquele “feijão com arroz” bem temperado que, às vezes, é exatamente o que o público precisa para se entreter sem grandes pretensões.
Para quem não conhece, há um personagem chamado Sentinela que é apresentado no filme e merece destaque. Ele é uma espécie de “homelander” ultra poderoso, mas com uma depressão profunda, uma abordagem inédita até então no universo Marvel. Essa pegada deu muito certo e adiciona uma camada intrigante para o que pode vir a seguir nas futuras produções.
- Prós:
- Elenco muito competente e carismático;
- Direção dedicada que traz uma energia refrescante para o universo Marvel;
- Roteiro funcional e acessível, que não exige conhecimento prévio exaustivo;
- Cenas de ação mais humanas e com destruição na medida certa;
- Introdução de personagens interessantes, como Bob e o Sentinela.
- Contras:
- Roteiro com algumas “barrigas” e momentos menos inspirados;
- Falta de grandes ambições ou inovações na trama;
- O filme pode parecer simples demais para quem espera algo grandioso da Marvel.
“Thunderbolts” é ideal para o público que gosta de filmes de super-heróis, mas que prefere uma história mais direta, sem a necessidade de acompanhar dezenas de outras produções para entender o que está acontecendo. Também é ótimo para quem valoriza um bom elenco e uma direção que sabe dosar o entretenimento com momentos de humanidade e leveza.
Se você é fã da Marvel e está curioso para ver como a franquia pode explorar personagens menos convencionais e histórias mais modestas, este filme certamente vai agradar. Por outro lado, se você busca um espetáculo grandioso com efeitos especiais de tirar o fôlego e reviravoltas complexas, talvez Thunderbolts não seja o filme ideal para você.
Em resumo, “Thunderbolts” é um filme que cumpre seu papel dentro do universo Marvel de forma honesta e simpática. É um respiro para quem já estava cansado da complexidade e da grandiosidade exagerada dos últimos lançamentos, trazendo um tom mais leve, humano e acessível.
Com um elenco muito bem escalado, uma direção comprometida e uma trama funcional, o filme entrega um entretenimento de qualidade, mesmo sem grandes ambições. É aquele tipo de filme que, apesar de simples, deixa um gostinho de quero mais e prepara o terreno para o que está por vir no universo Marvel.