O clássico do terror slasher dos anos 90, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, retorna em uma nova versão dirigida por Jennifer Kaytin Robinson. Com o objetivo de revitalizar uma franquia que fez grande sucesso na década de 1990, o filme busca atualizar a narrativa para o público contemporâneo, mas o resultado final deixa muito a desejar. Nesta análise, vamos destrinchar as principais características, pontos fortes e fracos dessa produção, além de comparar com referências importantes do gênero, especialmente a franquia Pânico.
Após o sucesso estrondoso de Pânico, que conseguiu misturar nostalgia com uma história que se renovava constantemente, o estúdio Columbia Pictures contratou Kevin Williamson para desenvolver um slasher semelhante. Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado surge, portanto, como uma espécie de “cópia” inspirada no sucesso de Pânico, tentando capturar a mesma base de fãs e o apelo nostálgico que marcou o ressurgimento do gênero nos anos 90.
Curiosamente, a franquia que originalmente nasceu como uma resposta a Pânico tenta agora se reinventar inspirada pela própria sequência de Pânico 5, que mostrou ser possível atualizar uma história para novas gerações mantendo o sucesso comercial e o respeito do público. No entanto, enquanto Pânico conseguiu isso com certa maestria, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025) não alcança esse equilíbrio, principalmente por conta de um roteiro fraco, personagens pouco desenvolvidos e um final bastante problemático.
A trama acompanha cinco jovens de Southport que, após causarem acidentalmente a morte de um motorista, tentam encobrir o crime. Um ano depois, eles começam a receber mensagens ameaçadoras e são perseguidos por um assassino com um gancho de pescador, uma clara referência ao filme original de 1997. Desesperados, buscam ajuda com Julie (Jennifer Love Hewitt) e Ray (Freddie Prinze Jr.), os sobreviventes daquela tragédia passada.
O filme está repleto de easter eggs, frases, fotos e menções que agradam os fãs do longa original, mas isso não é suficiente para sustentar o interesse. A participação dos personagens clássicos é mal aproveitada, com Julie reduzida a uma professora de psicologia que se limita a clichês de autoajuda, e Ray se tornando um bartender amargo, cuja presença parece deslocada e sem desenvolvimento significativo.
Além disso, o roteiro tenta tocar em temas interessantes, como a memória coletiva do massacre e a gentrificação da cidade, mas esses elementos ficam apenas na superfície, sem aprofundamento. O filme ainda insere elementos do true crime e da cultura dos podcasts para tentar modernizar a narrativa, mas isso não é suficiente para superar os problemas estruturais.
Um dos pontos mais críticos da produção é a fotografia, que apresenta uma iluminação ruim e uma escuridão que parece tabu, prejudicando a construção do suspense tão essencial para um slasher. A montagem é outro aspecto que decepciona profundamente, sendo considerada uma das piores já vistas no gênero. As cenas de tensão não funcionam, e a narrativa parece desconexa, com o assassino e os eventos de violência se tornando diluídos e pouco impactantes.
O elenco jovem é dividido entre personagens que funcionam como manequins descartáveis, típicos dos slasher dos anos 90, e protagonistas que não recebem espaço para desenvolvimento. Chase Sue Wonders e Madeleine Klein, que deveriam ser as protagonistas da nova geração, acabam sem qualquer profundidade ou carisma para sustentar o interesse do público ou garantir continuidade em possíveis sequências.
O aproveitamento do assassino, conhecido como o pescador, é outro ponto fraco. A construção do vilão é rasa e o trabalho envolvendo as mortes é prejudicado pela montagem ruim, culminando em um final incompreensível e que não honra a tradição da franquia.
Enquanto Pânico conseguiu, com sua quinta parte, provar que era possível renovar uma franquia clássica do terror slasher com sucesso, Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025) não alcança esse feito. A tentativa de atualizar a franquia para um público contemporâneo acaba sendo prejudicada por uma direção que parece insegura em abraçar o gênero do terror, optando por inserções cômicas que nem sempre funcionam.
O filme mantém o padrão da franquia original, mas em um nível que beira o decepcionante. A experiência no cinema foi marcada por reações mistas do público, que ora riam do que assistiam, ora ficavam confusos ou irritados com o que viram na tela. A expectativa por um pós-créditos que mantivesse a franquia viva não é correspondida de forma satisfatória.
Em termos comerciais, dificilmente este filme alcançará o sucesso de bilheteria de Pânico, já que não consegue estabelecer uma conexão forte com a nova geração, algo que os estúdios hoje consideram fundamental para o sucesso de relançamentos e reboots.
Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025) é um filme que tenta se apoiar na nostalgia dos fãs da franquia original, mas falha em entregar uma experiência coesa, tensa e envolvente. Com um roteiro fraco, personagens pouco explorados, problemas técnicos evidentes e um final controverso, o longa acaba ficando aquém do que se esperava.
Para fãs do gênero slasher que buscam uma obra que renove a tradição dos anos 90, este filme pode frustrar. Porém, para aqueles que têm curiosidade em ver como uma franquia tão icônica tenta se adaptar aos tempos atuais, pode valer a pena conferir, desde que com expectativas moderadas.
No geral, a produção merece uma nota 3, refletindo suas limitações e os problemas que comprometem sua qualidade.