Jurassic World: Recomeço — ou será fim de linha?

O universo de Jurassic Park ganhou mais um capítulo com o lançamento de Jurassic World: Recomeço (título original: Jurassic World Renascimento), dirigido por Gareth Edwards e estrelado por um elenco de peso que inclui Scarlett Johansson, Mahershala Ali, Rupert Friend e Jonathan Bailey. Mas será que esse novo filme consegue reviver a magia da franquia ou marca o começo do seu declínio?

Sinopse e premissa do filme

O filme começa com um prólogo clássico, explicando como as coisas deram errado mais uma vez — e até aproveita para lembrar, de forma bem-humorada, que jogar papel de doce no chão não é nada legal. Após esses primeiros minutos, a trama se desenrola por mais de duas horas, seguindo uma narrativa que, infelizmente, não convence nem na premissa nem no desenvolvimento.

Rupert Friend interpreta um executivo da indústria farmacêutica que contrata a mercenária interpretada por Scarlett Johansson para proteger uma expedição clandestina à zona do Equador, onde dinossauros ainda sobrevivem. O objetivo? Recolher amostras de três criaturas gigantes — uma do ar, uma do mar e outra da terra — para desenvolver medicamentos capazes de combater doenças cardíacas, o que poderia gerar trilhões de dólares para a empresa.

No caminho, eles encontram um pai e suas duas filhas, que estavam velejando pela mesma região proibida e acabam se unindo ao grupo. Todos acabam presos em uma ilha onde um antigo laboratório criava dinossauros híbridos, mas que, na verdade, gerou uma série de aberrações monstruosas. A partir daí, seguem-se as aventuras de praxe, com vários personagens inevitavelmente virando “chiclete” de dinossauro.

O desafio de reviver o deslumbramento do original

Uma pergunta comum entre fãs e críticos é se ainda é possível recuperar a sensação de maravilhamento provocada pelo primeiro Jurassic Park, lançado em 1993. A resposta, infelizmente, é negativa.

O motivo principal é que o filme original foi pioneiro ao apresentar dinossauros de forma incrivelmente realista e convincente na tela, combinando locações reais com efeitos especiais revolucionários para a época, como animatronics e computação gráfica em sua fase inicial. Steven Spielberg, à frente do projeto, fez questão de explorar ao máximo todas essas tecnologias, resultando em um filme que permanece impecável até hoje.

Em contraste, Jurassic World: Recomeço aposta quase que integralmente em computação gráfica, muitas vezes genérica, que não transmite a mesma sensação palpável e realista do clássico. Além disso, o diretor Gareth Edwards, apesar de ter um currículo respeitável, não consegue alcançar o mesmo impacto visual e emocional de Spielberg.

O desgaste da franquia e a busca por novidades exageradas

Outro fator que pesa contra o filme é o desgaste natural de uma franquia explorada de forma intensa pelos estúdios. Com cada novo filme, a aposta é oferecer dinossauros cada vez maiores, mais ferozes e exóticos para manter o interesse do público. No entanto, essa estratégia começa a tropeçar no próprio exagero, especialmente no quarto filme da saga Jurassic World, onde a criatividade parece se esgotar e o roteiro perde a coerência.

Curiosamente, o roteiro de Jurassic World: Recomeço é assinado por David Koepp, um dos roteiristas mais requisitados de Hollywood, responsável por trabalhos fenomenais, mas que aqui parece ter delegado a tarefa a um estagiário preguiçoso — ou, quem sabe, até a um ChatGPT. O resultado são momentos aborrecidos e até melancólicos, especialmente quando o filme tenta, sem sucesso, replicar a icônica cena do primeiro Jurassic Park em que os personagens veem os dinossauros pela primeira vez.

Elenco e personagens

  • Scarlett Johansson como a mercenária Joe Hansen, encarregada de proteger a expedição.
  • Mahershala Ali como o capitão do barco que leva o grupo à zona proibida.
  • Rupert Friend no papel do executivo da indústria farmacêutica, um personagem que carrega a típica persona do “almofadinha penioso.”
  • Jonathan Bailey como o cientista contratado para coletar amostras das criaturas.
  • Manuel Garcia-Rulfo, Luna Blaise e David Iacono interpretam o pai e suas duas filhas, que acabam se envolvendo na aventura.

Prós e contras de Jurassic World: Recomeço

Prós

  • Elenco talentoso com nomes expressivos e atuações competentes.
  • Sequência do prólogo que explica de forma rápida e divertida os erros do passado.
  • Alguns momentos de ação e aventura que podem agradar fãs mais jovens ou menos exigentes.

Contras

  • Roteiro fraco, com desenvolvimento pouco convincente e momentos entediantes.
  • Uso excessivo e genérico de computação gráfica, que não substitui a sensação realista do original.
  • Falta de inovação e dificuldade para recuperar a aura de deslumbramento da franquia.
  • Exploração exagerada da saga, que já mostra sinais claros de cansaço criativo.

Quem deve assistir a Jurassic World: Recomeço?

Este filme pode agradar principalmente ao público que busca entretenimento leve e não se importa tanto com a profundidade do roteiro ou a qualidade dos efeitos visuais. Fãs de dinossauros e seguidores da franquia que querem ver mais aventuras nesse universo podem encontrar diversão aqui, apesar das limitações.

Por outro lado, quem espera reviver o impacto emocional e visual do Jurassic Park original ou busca uma narrativa mais consistente e inovadora deve manter as expectativas moderadas.

Conclusão: um recomeço que parece mais um fim de linha

Jurassic World: Recomeço deixa claro que a franquia Jurassic Park enfrenta um momento delicado. Apesar do elenco estrelado e da premissa promissora, o filme não consegue capturar a magia do original nem inovar de forma significativa. O uso excessivo de computação gráfica genérica e um roteiro que oscila entre o entediante e o melancólico tornam a experiência menos impactante.

Para quem se pergunta se ainda é possível sentir aquele deslumbramento de 1993, a resposta é que essa sensação parece impossível de ser recuperada, pelo menos por enquanto. Resta esperar para ver se os próximos filmes conseguirão renovar a franquia de forma mais criativa e envolvente.

Se você é fã da saga, vale a pena conferir para formar sua própria opinião, mas encare Jurassic World: Recomeço com o coração aberto para um filme que, apesar do nome, pode estar mais perto de um fim do que de um novo começo.

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