“Missão: Impossível – O Acerto Final”, dirigido por Christopher McQuarrie e estrelado por Tom Cruise, chega como mais um capítulo da icônica franquia que mistura ação, espionagem e cenas de tirar o fôlego. Neste artigo, exploramos os principais pontos do filme, suas virtudes, falhas e o que esperar dessa produção que pode ser – talvez – o último capítulo da saga de Ethan Hunt.
Visão Geral e Direção
Christopher McQuarrie, que já dirigiu os quatro últimos filmes da franquia, continua imprimindo sua identidade única à série. Ele é, sem dúvida, o responsável por dar uma cara coesa a esses filmes, que antes tinham diretores variados como Brian De Palma (primeiro filme), John Woo (segundo), J.J. Abrams e Brad Bird. A direção de McQuarrie traz um tom mais sombrio e fúnebre, mantendo os truques de ação característicos, porém com uma intensidade que pode dividir opiniões.
Enredo e Temática
O enredo gira em torno de Ethan Hunt e sua equipe tentando impedir que uma inteligência artificial chamada “A Entidade” tome controle de armas nucleares e destrua o mundo. A ameaça tecnológica é atual e relevante, refletindo medos reais sobre como a manipulação digital pode alterar percepções e causar caos. No entanto, o filme peca por não explorar a fundo esse conceito promissor, deixando-o mais como um pano de fundo genérico para o conflito global do que um vilão verdadeiramente ameaçador.
Exposição Excessiva e Referências Autorreferentes
Um dos pontos mais criticados é o excesso de exposição no roteiro, especialmente na primeira hora do filme. As cenas frequentemente apresentam diálogos em que personagens explicam àqueles que já deveriam saber os detalhes da trama, uma técnica conhecida como “exposição preguiçosa”. Além disso, o filme é altamente autorreferente, puxando constantemente elementos de filmes anteriores da franquia para criar uma ilusão de coesão entre os oito longas, o que pode soar forçado e cansativo para o espectador mais atento.
Sequências de Ação: O Ponto Alto do Filme
Apesar dos problemas narrativos, o filme brilha em suas sequências de ação, que justificam o ingresso no cinema. Destacam-se duas cenas memoráveis:
- A sequência no submarino: Longa e bem filmada, esta cena mostra Tom Cruise em um desafio extremo de prender a respiração por longos minutos. A direção caprichou nos detalhes, e mesmo sabendo que parte do feito foi auxiliado por efeitos práticos e digitais, a tensão é palpável e a execução impressiona.
- A icônica cena do avião: Tom Cruise se pendura em um avião e tenta se transferir para outro em pleno voo. Essa sequência, já anunciada nos trailers, é espetacular, perigosa e quase inacreditável, evidenciando o comprometimento do ator em realizar suas próprias acrobacias.
Esses momentos proporcionam cerca de 15 a 20 minutos de pura diversão cinematográfica, uma verdadeira experiência “pipoca” que o público adora. No entanto, mesmo com essas cenas incríveis, elas não são suficientes para elevar o filme a um patamar de excelência absoluta.
Personagens e Atuação
Tom Cruise continua entregando uma performance dedicada e intensa como Ethan Hunt, não apenas realizando suas ousadas acrobacias, mas também em momentos dramáticos que funcionam bem dentro do contexto do filme. Seu comprometimento físico e emocional é um dos pontos fortes da produção.
Por outro lado, o vilão interpretado por Esai Morales deixa a desejar. Falta carisma e senso real de ameaça, o que enfraquece a tensão que o antagonista deveria gerar. A “Entidade”, como conceito de vilão, é mais interessante e relevante do que a atuação humana no papel do inimigo.
O elenco coadjuvante é extenso, com muitos personagens retornando de filmes anteriores. Angela Bassett tem uma cena dramática marcante, enquanto Hannah Waddingham oferece uma participação legal, mostrando seu talento já conhecido de outras produções como “Ted Lasso” e “Game of Thrones”. No geral, porém, as interpretações se repetem, já que muitos estão habituados a seus papéis e entregam performances seguras, mas sem grandes novidades.
Problemas e Conveniências do Roteiro
O roteiro apresenta várias conveniências e erros geográficos que podem incomodar espectadores mais atentos, como personagens que aparentemente se teleportam de um ponto da cidade para outro em segundos. As missões que a equipe precisa realizar chegam a um ponto quase ridículo, exigindo uma boa dose de suspensão de descrença para aceitar os desafios e soluções apresentadas.
Essas falhas, porém, são características intrínsecas da franquia “Missão: Impossível”, que sempre brincou com o absurdo para criar cenas espetaculares. Portanto, não é um motivo para desmerecer o filme, mas sim para entender o tipo de entretenimento que ele oferece.
Conclusão: Vale a Pena Assistir?
“Missão: Impossível – O Acerto Final” é um filme mais longo e sombrio do que o necessário, com problemas evidentes na narrativa e no ritmo, especialmente na primeira hora. Ainda assim, suas qualidades superam as falhas, principalmente graças à direção prática, às sequências de ação feitas com maestria e ao comprometimento físico e dramático de Tom Cruise.
Não é o melhor filme da franquia, nem um fechamento perfeito para a saga, mas entrega o que promete: muita adrenalina e cenas para serem admiradas na tela grande. Se você é fã da série ou gosta de ação no estilo “pipoca”, certamente vai encontrar motivos para se divertir.
Resta saber se este será realmente o capítulo final ou se a franquia ainda encontrará novas formas de surpreender o público no futuro. Por ora, “O Acerto Final” cumpre seu papel como mais uma missão – impossível – que vale a pena encarar.